21.3.08

Uma fábrica de chicotinhos

Francamente, não entendo.

Sexta-feira da paixão, feriado (ué, não éramos um estado laico?), celebração convencionada do martírio. Logo de manhã, sou visitado por um senhor, provavelmente testemunha de Jeová, portando um estranho convite. Ele me convida para a celebração da morte de Cristo.

O folheto muito bem produzido trazia datas de reunião numa comunidade próxima, nada de anormal, mas voltei pra dentro de casa incomodado. "Celebração da morte". Quem diabos celebra morte ? E ainda, que rebumbê do cacete em cima de sofrimento e morte é este ? Vou abrir uma fábrica de chicotinhos e faturar em cima dessa morbidez pouco racional.

"Encenação da paixão e morte", penitentes se escalavrando e ainda achando bonito mostrar suas mazelas na televisão, celebração da morte...

Olha, com todo respeito, vão à merda.

A religião dos outros é direito deles, assim como me reservo o direito à minha, e à minha opinião. Mas não me aborreçam nem tentem me empurrar essa doença - eu ia dizer fixação - de sofrimento, dor, morte e cia. ltda.

Me desculpem, mas não consigo fixar a imagem do divino mestre sangrando, penando e morrendo indefinidamente. Isso é doença mental, gostar de sofrimento.

A imagem do mestre que tenho na mente é dele ensinando, curando, levantando o moral de excluídos, brincando com crianças. Uma porcentagem muito grande da minha vida é guiada e modelada de acordo com o exemplo dele. Eu vivo com ele no pensamento 365 dias por ano, não só durante uma semana.

Eu repudio essa bagagem nefasta de sofrimento e dor ad nauseam. Há muito tempo eu abracei o presente que ele deixou a todos: vida, e vida em abundância. Por todos os pontos de vista, me considero um abençoado. De muitas maneiras, ele está comigo, e me sinto protegido.

Desculpa aí, mas eu escolhi o Cristo vivo.


P.S.: não, não sou católico, nem pentecostal, nem evangélico. E também não vou dizer.