27.1.14

O retorno do morto-vivo

Não escrevo por prazer há séculos. Esta é minha tentativa de produzir alguma coisa palatável que possa se chamar de texto.
O Marcelo Vitorino, editor do excelente Presença Online, porém mais conhecido pelo P.a.U - Pergunte ao Urso, está avaliando possíveis colaboradores, e foi simplesmente irresistível me candidatar.
A candidatura, muito inteligentemente, pede um texto de aproximadamente 1000 caracteres para avaliação. Segue abaixo minha tentativa de texto que enviei para a avaliação:

"Desde muito cedo me apeguei a fazer as coisas do jeito certo. E por "coisas", entenda-se desde falar o que fez e fazer o que fala - mínimo necessário para poder me olhar no espelho todos os dias - até as interações mais complexas para funcionar socialmente e buscar vida plena, liberdade e felicidade.

Mas o que vejo no dia a dia é a premiação dos medíocres, a vitória dos apadrinhados, a carícia escrotal como ferramenta de desenvolvimento profissional. E não estou falando de política não, que essa já desbandeirou de vez. Ando namorando firme umas passagens aéreas pra Nova Zelândia. Falo do meu dia a dia como consultor de informática. Sou arquiteto de dados e meus clientes pertencem ao que em nosso jargão se chama "primeiro time": indústrias, bancos, instituições de ensino, operadoras de saúde, hospitais, redes nacionais de varejo e cia.

Recentemente "fiquei na geladeira" de um cliente por seis meses, provavelmente por ter dito o que pensava sobre a promoção de uma profissional reconhecidamente medíocre a uma posição importante dentro da empresa. Infelizmente o "ahá! deu pra quem?" foi dito na mesma sala onde estava o diretor responsável por nós. E este é UM exemplo de quando falei não só o que eu pensava, mas o que TODOS estavam pensando; algo observável, mas tabu.

Será que eu nasci com alguns fios trocados na caixola ? Não consigo pensar uma coisa e dizer outra, sorrir para um notório filho da puta, ou usar linguagem politicamente correta durante uma crise. E assim vou pagando penitências por querer agir da maneira que considero certa.

Eu devo ter entendido alguma coisa errado."